quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Dias da Semana

Me ligue às 3 da manhã de uma segunda-feira, pra contar que saiu com os guris, encheu a cara e lembrou de mim quando precisou de alguém pra encontrar as chaves de casa.

Não me deixe sozinha em uma terça. Fique ali, fumando teu cigarro, e me observando enquanto fico inquieta olhando mais uma temporada da série Sobrenatural

Aliás, deixe-me acender teu cigarro. Gosto de ver teu rosto iluminado pela chama do meu isqueiro da cor do céu.

Vem aqui pra casa, no sábado novamente, e fica mais um final de semana comigo.

Não vá embora sem dar tchau. Não invente essa de que odeia despedidas, isso é desculpa de covardes. Antes um abraço de adeus do que apenas um lembrar da noite de ontem. Quando chegar a quinta-feira, e tu já estiver de saco cheio de mim, me encontre pra dizer que cansou de nós. Na sexta, vá pra noite com os guris. Tome o que o dinheiro der e o estômago aguentar. Volte pra casa sem lembrar do que aconteceu. Acorde tentando entender porque não me encontrou na cama ao teu lado, no sábado. Durma o dia inteiro, me ligue e vá pra janela fumar, pensando o porquê de eu não ter te atendido. Quando estiver assistindo os teus filmes que tu tanto gosta, me ligue de novo, peça desculpas, tente te explicar e diga que quer que eu vá te ver. Aguente o tempo que for. Não me chame de fazida. Insista. Liga de novo e, quando eu resolver finalmente ir te encontrar, não ouse me deixar ir embora mais uma vez.

domingo, 5 de maio de 2013

Medo de se Apaixonar - Fabricio Carpinejar

Você tem medo de se apaixonar. Medo de sofrer o que não está acostumada. Medo de se conhecer e esquecer outra vez. Medo de sacrificar a amizade. Medo de perder a vontade de trabalhar, de aguardar que alguma coisa mude de repente, de alterar o trajeto para apressar encontros. Medo se o telefone toca, se o telefone não toca. Medo da curiosidade, de ouvir o nome dele em qualquer conversa. Medo de inventar desculpa para se ver livre do medo. Medo de se sentir observada em excesso, de descobrir que a nudez ainda é pouca perto de um olhar insistente. Não suportar ser olhada com esmero e devoção. Nem os anjos, nem Deus agüentam uma reza por mais de duas horas. Medo de ser engolida como se fosse líquido, de ser beijada como se fosse líquen, de ser tragada como se fosse leve. Você tem medo de se apaixonar por si mesma logo agora que tinha desistido de sua vida. Medo de enfrentar a infância, o seio que criou para aquecer as mãos quando criança, medo de ser a última a vir para a mesa, a última a voltar da rua, a última a chorar. Você tem medo de se apaixonar e não prever o que pode sumir, o que pode desaparecer. Medo de se roubar para dar a ele, de ser roubada e pedir de volta. Medo de que ele seja um canalha, medo de que seja um poeta, medo de que seja amoroso, medo de que seja um pilantra, incerta do que realmente quer, talvez todos em um único homem, todos um pouco por dia. Medo do imprevisível que foi planejado. Medo de que ele morda os lábios e prove o seu sangue. Você tem medo de oferecer o lado mais fraco do corpo. O corpo mais lado da fraqueza. Medo de que ele seja o homem certo na hora errada, a hora certa para o homem errado. Medo de se ultrapassar e se esperar por anos, até que você antes disso e você depois disso possam se coincidir novamente. Medo de largar o tédio, afinal você e o tédio enfim se entendiam. Medo de que ele inspire a violência da posse, a violência do egoísmo, que não queira repartir ele com mais ninguém, nem com seu passado. Medo de que não queira se repartir com mais ninguém, além dele. Medo de que ele seja melhor do que suas respostas, pior do que as suas dúvidas. Medo de que ele não seja vulgar para escorraçar mas deliciosamente rude para chamar, que ele se vire para não dormir, que ele se acorde ao escutar sua voz. Medo de ser sugada como se fosse pólen, soprada como se fosse brasa, recolhida como se fosse paz. Medo de ser destruída, aniquilada, devastada e não reclamar da beleza das ruínas. Medo de ser antecipada e ficar sem ter o que dizer. Medo de não ser interessante o suficiente para prender sua atenção. Medo da independência dele, de sua algazarra, de sua facilidade em fazer amigas. Medo de que ele não precise de você. Medo de ser uma brincadeira dele quando fala sério ou que banque o sério quando faz uma brincadeira. Medo do cheiro dos travesseiros. Medo do cheiro das roupas. Medo do cheiro nos cabelos. Medo de não respirar sem recuar. Medo de que o medo de entrar no medo seja maior do que o medo de sair do medo. Medo de não ser convincente na cama, persuasiva no silêncio, carente no fôlego. Medo de que a alegria seja apreensão, de que o contentamento seja ansiedade. Medo de não soltar as pernas das pernas dele. Medo de soltar as pernas das pernas dele. Medo de convidá-lo a entrar, medo de deixá-lo ir. Medo da vergonha que vem junto da sinceridade. Medo da perfeição que não interessa. Medo de machucar, ferir, agredir para não ser machucada, ferida, agredida. Medo de estragar a felicidade por não merecê-la. Medo de não mastigar a felicidade por respeito. Medo de passar pela felicidade sem reconhecê-la. Medo do cansaço de parecer inteligente quando não há o que opinar. Medo de interromper o que recém iniciou, de começar o que terminou. Medo de faltar as aulas e mentir como foram. Medo do aniversário sem ele por perto, dos bares e das baladas sem ele por perto, do convívio sem alguém para se mostrar. Medo de enlouquecer sozinha. Não há nada mais triste do que enlouquecer sozinha. Você tem medo de já estar apaixonada.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Mulheres, cigarro e álcool

Taí um título que encoraja muito marmanjo a clicar nesse link. Coitados, certamente vão ler e não gostar, encher esse post de comentários nada agradáveis e revoltados. Bom, sinto muito, não me abstenho de meus pensamentos porque vocês me acharão menos legal.

Enfim, vamos logo com isso. Estava eu aqui, como de praxe, sentada em minha cama acompanhada de Kurt, John e uma bela dose de insônia, pensando nessa bobajada de "mulher que fuma e bebe é bagaceira". Sim, lá vou eu mais uma vez expressar meu feminismo exacerbado. Então, caras, qual o problema de fumarmos e bebermos? Por acaso teus amigos homens também são discriminados pelo ato de desgraçar com o próprio pulmão? Don't think so.
Não gostar do cheiro ou mesmo do ato de fumar, beleza. É opinião de cada um, gosto de cada um. Assim como cada um faz o que bem entende com a própria saúde. Isso não se relaciona com gênero e personalidade.

Pra não ser tão chata e repetitiva, vou deixar um pouco de lado essa questão da mulher. Partamos diretamente para o tópico de álcool e bebidas sem restringir a gêneros. Claro, com um título desses eu deveria seguir com argumentos diretamente relacionados ao sexo feminino, mas como a crônica é minha e eu a desenvolvo como bem entender, f****** as regras de qualquer faculdade.

De 10 grandes nomes da música, 11 se drogavam e bebiam diariamente, e mesmo assim fizeram menininhas e velhos barbudos se esganiçarem gritando em shows pelo mundo todo. Vão me dizer agora que Janis Joplin, Bob Dylan (o cara que apresentou o mundo das drogas a banda mais famosa de todos os tempos), Amy Winehouse, Cazuza e Renato Russo são piores pessoas porque fumavam e bebiam loucamente? Hipocrisia total reclamar de um ato que seus próprios ídolos faziam. Tudo bem, digam-me que todos esses morreram cedo, mas e quem nesse mundo está livre de ser atropelado amanhã ou semana que vem? Sim, papo clichê esse, porém, verdadeiro.

Todo mundo algum dia já fez, vai fazer, já gostou ou vai gostar de algo que muitos julgarão como errado. Não há nada mais normal que isso. Mente quem disser que nunca julgou o colega ao lado por coisa qualquer. Não estamos livres de nada nessa vida. Nem da morte, muito menos da própria contradição. Tu, que ontem odiava Michel Teló, amanhã pode estar cantando "ai se eu te pego" enquanto toma banho. Na minha opinião, um retardamento no gosto musical mas, bem, essa é MINHA opinião.

Então, pessoal, livremo-nos de nossos preconceitos interiores. Deixemos que transpareçam nossos mais profundos desejos e vontades. Esqueçamos que fazemos parte de uma sociedade onde seguir as regras é a primeira regra. Afinal, quem as dita somos nós mesmo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011



Quero chegar onde eu não posso ir, quero descer pra te fazer subir, quero cantar pra quem não quer sentir, quero chorar quando morrer de rir.
Tavares